Atualmente, no Brasil, uma grande
questão está em discussão e sendo abordada nas escolas: o projeto de Escola Sem
Partido. Este tema é bastante controverso por possuir pontos positivos e
negativos em sua concepção, que poderiam afetar a formação de uma geração de
jovens brasileiros e intervir na forma com que o ensino é construído hoje. Tudo
está sendo discutido através de uma decisão a ser tomada pelo governo que iria
interferir na vida de milhões de jovens e professores brasileiros, alterando
completamente o ensino no país. Mas o que seria esse projeto e quais seus
objetivos?
Antes de tudo, é melhor esclarecer
o que seria uma escola sem partido e suas diferenças: uma escola sem partido
seria o tipo de escola em que os professores não têm a liberdade de ensinar o
conteúdo marcando as suas opiniões político-ideológicas sobre os assuntos
abordados em sala de aula. Hoje os
professores podem se posicionar em relação a diversos temas com o objetivo de contribuir
com a formação política do aluno, mas, com esse projeto, não poderiam dizer o
que pensam ou mostrar suas opiniões. Além disso, os professores teriam o dever
de seguir seis novas regras, segundo o site www.programaescolasempartido.org:
DEVERES DO PROFESSOR
(escola sem partido)
- “O professor não se aproveitará da audiência cativa dos alunos para promover seus interesses, opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias. ”
- “O professor não favorecerá nem prejudicará os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas. ”
- “O professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos políticos, atos públicos e passeatas.”
- “Ao tratar de questões políticas, socioculturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade -, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito”.
- “O professor respeitará o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.”
- “O professor não permitirá que os direitos assegurados nos itens anteriores sejam violados pela ação de terceiros, dentro da sala de aula.”
Todavia, aos jovens em escolas
“padrão” são, muitas vezes, ensinados o que pensar, e não como pensar, e acabam
tendo suas ideologias baseadas em uma única opinião, a do professor. Ou seja, são
vários os casos em que as influências externas acabam interferindo nos
pensamentos dos alunos. Com atitudes como esta, pode ser construída uma
sociedade com pensamento unitário, que acaba privilegiando apenas uma parcela
da sociedade - seja de esquerda ou de direta, capitalista ou socialista.
O lado negativo da Escola Sem
Partido é que os alunos, consequentemente, não teriam muita liberdade na hora
de argumentar sua opinião, sem a possibilidade de opinar com suas crenças
políticas e ideológicas para discutir ou debater algo em sala de aula, pois
isso teria que ser regulado pelo professor, que em nada poderia interferir. Sem
falar de que os alunos poderiam estar sem argumentos válidos ou, se tivessem, poderiam
ser muito superficiais. Ao fazer críticas em sala de aula para abrir caminhos
diferentes de pensamentos ou da forma de ver nossa sociedade hoje em dia, o
professor seria impedido, e o aluno estaria sem base para tentar argumentar
algo ou formar sua opinião.
Neste contexto, o dever dos
professores seria transferir conhecimento, ampliar a visão do aluno e ajudá-lo
para que, no futuro, seja um bom cidadão. Como fazer isso sem mostrar ideias
diferentes, pensamentos diferentes, posicionamentos diferentes, como lutar por
uma educação de qualidade sem deixar que o aluno perceba diferentes visões ou
críticas em relação ao mundo em que vive? Se o professor quiser falar contra
algum tipo de preconceito, ou incentivar os alunos a fazerem manifestações para
defenderem seus direitos, por exemplo, não iria poder ou teria vários limites,
pois influenciaria na forma de pensar dos estudantes. Como se pode melhorar o
mundo sem saber o que realmente precisa mudar?
O movimento causa uma grande
polêmica, por causa das questões citadas anteriormente. Os pontos “negativos” e
“positivos” geram discussões e debates, com temas como os seguintes: até que
ponto existem ou deveriam existir os direitos e deveres dos professores; como
os pais podem ou devem interferir na educação do filho; projetos de leis em
relação a educação brasileira etc.
Quem apoia o movimento defende
que a liberdade de expressão do professor em sala de aula não deve existir para
não lhe dar a liberdade também de obrigar seus alunos a ouvi-lo falar, opinar e
impor seu posicionamento na sala de aula, seja político, ideológico ou
partidário. Enquanto isso, críticos ao projeto debatem se realmente é possível
ensinar com neutralidade, pois dizem que o movimento tenta controlar o que se
deve ou não ser dito em sala de aula. Quem é contra defende que o professor
deveria mostrar sua visão, desde que não esteja impondo sua opinião aos alunos,
e que o movimento confunde as pessoas nessa questão, quando,
na verdade, estão tentando reduzir o papel do educador, achando que os alunos
não têm autonomia e capacidade intelectual para avaliar os posicionamentos das
pessoas a seu redor.
E então? Já possui uma opinião
formada, caro leitor, em relação ao tema? Foram apresentadas várias informações
sobre o assunto, que possibilitam alguém a se posicionar; afinal, ter sua
opinião é muito importante, principalmente sobre um tema que está sendo tão
debatido e discutido por educadores, profissionais, estudantes e representantes
políticos como este. Se quiser, leia reportagens e procure por páginas em redes
sociais, blogs ou sites que discutem o tema (mas procure analisá-los com
cuidado, para não deixar ser levado fácil pela opinião dos autores), para,
assim, ter um aprofundamento maior. É importante lembrar que esse texto foi
construído por estudantes depois de tantas pesquisas e estudos, cada um com sua
opinião. E agora, está decidido? Você é contra ou a favor do projeto Escola sem
Partido? Aqui estão duas charges de posições diferentes em relação ao projeto e
suas críticas:
http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/propostas/escola-no-brasil-com-partido-ou-sem-partido.htm
Na imagem acima, podemos perceber uma representação crítica
de uma sala de aula em uma escola sem partido, onde a venda na boca do
professor e as caixas sobre as cabeças dos alunos mostram como nesse sistema é
limitado o poder dos professores de expressar seus posicionamentos e opiniões,
deixando também os alunos sem base para pensar ou ter sua própria opinião
formada. Eles usam caixas para não ouvirem a opinião do professor, mas o aluno
que tira a caixa de sua cabeça apresenta dificuldade para pensar ou raciocinar
(representada pelo balão de pensamento vazio), pois não tem base para nenhum
tipo de argumentação.
http://www.vermelho.org.br/noticia/282192-11
Já nessa imagem, logo podemos notar como as escolas contra o
movimento são generalizadas com uma educação de manipulação do modo de pensar
dos alunos, com um posicionamento ideológico que é indicado pelos professores.
Breno Góes, Maria Fernanda,
Michelle Andrade e Rafael S. Rodrigues